AGENDA CULTURAL

18.9.12

O impedimento de Lula

LEONARDO ATTUCH,
A oposição não conseguiu seu impeachment em 2005, mas agora quer deixá-lo fora de jogo tanto em 2014 como em 2018
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Sete anos atrás, o ex-presidente Lula esteve à beira do impeachment, no dia em que o publicitário Duda Mendonça depôs na CPI dos Correios e revelou ter recebido cerca de U$S 25 milhões fora do Brasil. Assessores próximos, como o ex-ministro Antônio Palocci, chegaram a sugerir a Lula que renunciasse, para não ser cassado. Lula resistiu e o PT ameaçou colocar os movimentos sociais na rua, em defesa do primeiro presidente de origem popular da história do País. Acovardada, a oposição apostou na tese de que Lula sangraria até as eleições de 2006 e seria derrotado.

O resto da história é conhecido. Lula se reelegeu. Geraldo Alckmin, que se comportou como delegado de polícia no debate promovido pela Band naquele ano, teve menos votos no segundo turno do que no primeiro, e o presidente-operário encerrou seu mandato como o líder mais admirado da história do país, com mais de 70% de aprovação popular.

Este Lula parecia imbatível. Quase dono do País, ele poderia decidir se voltaria à presidência em 2014, em 2018 ou se indicaria alguém para o cargo, assim como fez com Dilma Rousseff, em 2010. Mas, como diria Guimarães Rosa, viver é muito perigoso. E Lula se vê, agora, às voltas com a maior ameaça que já enfrentou. Num ataque organizado, que une todos os seus adversários na política e em alguns meios de comunicação, ele é acusado de chefiar o mensalão.

Em breve, alguns de seus companheiros estarão condenados. Outros serão presos. Contra o pescoço de Lula, será colocada uma espada. Se ele quiser se candidatar novamente, poderá ser alvo de um novo processo judicial, num contexto perigoso, quando vários réus estarão presos e juízes do Supremo Tribunal Federal terão sido transformados em heróis de mesa de bar pelos meios de comunicação.

Em 2005, a oposição fraquejou e não conseguiu o impeachment de Lula. Em 2012, ela tenta obter o seu impedimento e deixá-lo fora de campo em 2014 ou 2018. Só não se sabe ainda como o presidente-operário, que forjou sua história na luta contra as adversidades, irá reagir.

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