Hélio Consolaro*
Estive
em Penápolis, no estádio Tenente Carriço, para ver o Verdão:
Sociedade Esportiva Palmeiras.
Peguei meu chapéu com as cores italianas comprado na Itália, mas descobri depois que era chinês, e fui me juntar à porcada em Penápolis-SP
Muitos corintianos diziam que voltaria chorando a derrota alviverde, mas não foi o que ocorreu, ganhamos do CAP de 2 a 0. Até me deram lenço para que eu enxugasse lágrimas na viagem de volta. Limpei os sapatos com eles.
Convoquei alguns amigos esmeraldinos. E lá estávamos. Vendo o jogo e ouvindo a narração pela Rádio Ativa de Penápolis via celular. Como não havíamos chegado muito cedo, não pegamos bons lugares. Atrás de gol não é lugar decente, com a melhor visão.
Tiago Floriano, Oscar Faria Ramos e Hélio Consolaro (chapéu) |
Descobri
que palavrão não tem gênero. Nós, três marmanjos, moderando na
linguagem, respeitando a vizinhança feminina. Na tradição
linguística, o destempero é privilégio masculino.
Este professor, secretário de Cultura, tinha tudo para ser um finório, por isso xingava de forma elegante, negando sua nacionalidade, italiano boca suja:
- Juiz, sua mãe não é mais moça!
Para o atleta adversário que errava jogadas, gritava:
- Pede para ir mijar e não volte mais, perna de pau!
Quando o bandeirinha validou o impedimento marcado pelo juiz, anulando o que seria o primeiro gol palmeirense, só escutei uma voz feminina ao lado mandando o bandeira enfiar o cabo de seu instrumento de trabalho naquele lugar. Disse isso com todos os palavrões possíveis.
Diante disso, a baixaria foi geral, comandada por uma mulher. Mudanças de comportamento, mudanças de linguagem.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cujltura de Araçatuba-SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário