No primeiro plano, Sandro Cubas, secretário municipal de Obras |
Há mais de três anos nenhum morador das imediações perdeu
bens com enchentes
ANTÔNIO CRISPIM - Araçatuba - Jornal O LIBERAL
Sandro Cubas explica o sistema de escoamento pelas 'bocas de
leão"
Há décadas a Lagoa
das Flores representava o transtorno para moradores vizinhos. Qualquer chuva
implicava no transbordamento e inundação de dezenas de casas. O problema foi
consequência de ações inadequadas ao longo do tempo. A ação do homem interferiu
diretamente em toda a bacia, chegando até mesmo a mudar o curso natural da
água. Além disso, houve ocupação irregular, com construções de áreas
alagadiças. Todo este conjunto de ações resultou na série de problemas vividos.
Depois de muitos anos de sofrimento, algumas ações simples e de custo reduzido
minimizaram os riscos de enchentes. O idealizador destas intervenções,
secretário de Obras de Araçatuba, Sandro Cubas, comemora o fato de que há três
anos ninguém teve prejuízo no local, ao contrário de anos anteriores.
O secretário acompanhou a reportagem em visita à lagoa para
explicar como atenuou o problema. A última grande enchente por lá foi em
janeiro de 2009. "A cada chuva eu vinha para cá para analisar o fenômeno
de enchimento tão rápido. Por várias vezes percorri toda a área sob intensa
chuva. Foi assim que percebi os erros do passado e defini o que deveria ser
feito para, pelo menos, reduzir", disse o engenheiro, lembrando que
falava-se em milhões de investimentos para resolver o problema, com grandes obras
estruturais. Sem dinheiro, ele estima que gastou menos de R$ 100 mil em todas
as intervenções. "O amor por Araçatuba , a vontade de resolver o problema
das pessoas e o respeito ao dinheiro público foram fundamentais", diz
Cubas, citando que o prefeito Cido Sério aprovou as suas iniciativas.
No passado aterraram a lagoa do Safiotti (na área da Polícia
Mirim). A água de vários bairros passava pela Lagoa das Flores, Lagoa do
Safiotti e chegava ao Córrego Machado de Mello. Aterraram a Lagoa do Safiotti,
construíram em área de brejo e canalizaram o Machado de Mello. A vazão da Lagoa
das Flores passou por conjunto de galerias e chega e chega ao outro lado da
cidade.
Sandro Cubas, secretário municipal de Obras |
Segundo Sandro Cubas, na lagoa seca, que é uma área de
retenção de água, foi feito um aterro. Mas toda água de bairros como Sereno,
Planalto, Palmeiras, Monte Carlo e etc, era destinada à Lagoa das Flores.
Quando a lagoa de contenção enchia, rompia-se o aterro e a água com lama ia
para a Lagoa das Flores. O assoreamento reduzia a capacidade de armazenar e logo
havia o transbordamento, com inundação de casas.
"Depois de análise no local e estudos, entendi que era
necessário adotar várias medidas para minimizar o problema. Percebi que era
preciso aumentar a capacidade de armazenamento da lagoa e reduzir o volume de
água que chegava", explicou Cubas. Para aumentar a capacidade da lagoa,
foi feito o desassoreamento com máquinas contratadas (custo mais elevado de
todo conjunto de obras) e ampliadas as dimensões da lagoa. Só isso praticamente
triplicou a capacidade de armazenamento. Porém, todo material retirado, para
gastar menos com transporte de caminhões, foi levado para a lagoa seca, elevado
o aterro e também aumento a sua capacidade de armazenamento. Outra medida
estrutural foi a construção de um sarjetão na esquina das Ruas Pedro Janser e
Monte Carlo. Parte da água pluvial (70%) que descia, a invés de ir para a Lagoa
das Flores, passou a ser levada para a lagoa seca.
"Ampliamos a capacidade de armazenamento e reduzimos o
volume de água que chegava. Uma bomba já estava instalada no local. Em nível um
pouco superior, há dois ramais da galeria. Percebemos que quando chovia,
rapidamente, por ser subdimensionada, a galeria enchia e a água passava a
voltar para a Lagoa das Flores. Construímos comportas nos dois ramais. Quando
chove, as comportar ficam fechadas, impedindo que a água volte da galeria para
a lagoa. Construímos também bocas de leão. No caso de transbordamento da
galeria, a água chega à rua, mas pouco vai para a lagoa. Passada a chuva e com
o esvaziamento da galeria, abrimos as comportas e a água da lagoa, por
declividade, vai para a galeria. Quando o nível fica abaixo das comportas,
acionamos a bomba, que esvazia ainda mais a lagoa, que em poucas horas está
vazia e pronta para receber novo volume de água", explica Sandro.
No dia 31 de dezembro choveu 80 milímetros em 40 minutos.
Foi uma chuva histórica e só houve transbordamento porque o sistema de comporta
não suportou o volume de água e rompeu-se. Porém, mesmo assim, a água chegou
apenas nos quintais.
"Jamais falei que o problema está completamente
resolvido. Mas com certeza, conseguimos reduzir muito o risco de
inundações", falou Sandro Cubas
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