AGENDA CULTURAL

24.4.17

Comportamento ético cabe até na zona

Por outro lado, há quem fale que em jogo, há blefe, truque, levar vantagem.
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Hélio Consolaro*

O futebol é um instrumento forte de ensinamento, como também pelo comportamento de seus atletas em campo, conhece-se o caráter do povo daquele time. Tenho sentido que os jogadores brasileiros melhoraram muito em campo nesse quesito. Não sei se as partidas de futebol perderam a graça, mas o canibalismo foi superado.

O fato de o jogador Rodrigo Caio (São Paulo F.C.) dizer ao juiz Luís Flávio de Oliveira, na primeira partida da semifinal do Campeonato Paulista 2017 (16/04), que o Jô não havia pisado no pé do goleiro Renan Ribeiro, mas quem havia dado o pisão era ele, tirando do adversário o cartão amarelo e a suspensão do próximo jogo, causou uma grande polêmica, deixando o praticante do "fair play" em situação ruim diante de sua torcida, do técnico e da diretoria do São Paulo F.C. Não sou são-paulino, mas o tenho o direito  de dizer que não gostei do comportamento dos dirigentes.

Na segunda partida da semifinal do Campeonato Paulista de 2017, 23/4, por ironia do destino, o Jô marcou um gol impedido e não foi falar para o juiz de sua situação irregular. A argumentação dos contrários ao "fair play" jogaram pesado: confiar em corintiano! E até afirmações racistas cheguei a ouvir de são-paulinos, apesar do gol de Jô não ter influenciado na classificação corintiana.

Há um senão que precisa ser analisado,  a infração cometida pelo Jô não se tratou de agressão física, naquela confusão na porta do gol, apenas quem tem a visão do conjunto é o juiz. Cobrar "fair play" dele não é uma atitude inteligente.

Por outro lado, há quem fale que em jogo, há blefe, truque, levar vantagem. As competições esportivas tem um caráter bélico na disputa, tratar o adversário como irmãozinho não faz parte da natureza humana. Apesar de que o comportamento ético cabe até na zona.

As afirmações: 1) o homem é bom por natureza, a sociedade é quem o deforma; 2) o homem é mesmo um animal, a sociedade é quem deve burilá-lo. Elas são explicações que não justificam o mau comportamento, de uma forma ou de outra, para se viver em sociedade, precisamos de um código de comportamento (a ética, a moral, etc). A atitude de Rodrigo Caio foi construtiva, merece a nossa a admiração, alguém precisa avançar nas mudanças, ir para o sacrifício.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras.

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