AGENDA CULTURAL

10.4.17

Tite e Lula - dois apelidos mágicos

Não se assuste! Há mais semelhanças que diferenças

Lula e Tite
Caro leitor, não estou querendo tirar proveito político com a comparação, mas fui percebendo isso no decorrer de cada vitória da seleção brasileira de futebol, em cada entrevista do técnico da seleção brasileira de futebol. Como croniqueiro, não poderia deixar de registrar o meu registro: as coincidências.

Tite e Lula pertencem a um meio perverso da atividade humana, futebol profissional e política, cheios de rasteiras, oportunistas e aproveitadores. Nesses dois mundos, a perda da lucidez do agente faz com que o bom se torne ruim. 

Os dois têm apelidos com quatro letras, consoantes repetidas, palavras dissílabas e paroxítonas: "Tite" (dois tês) e "Lula" (dois eles). Como todo apelido adquirido na família, são carinhosos, fáceis de serem guardados.

Os dois construíram sua trajetória com muito sacrifício, Tite veio do Sul do Brasil, com sobrenome italiano (europeu): Adenor Leonardo Bachi, mais aceito pelos preconceituosos. Lula veio do Norte (Nordeste), com sobrenome bem português: Luiz Ignácio da Silva, malhado pelos preconceituosos. Como é pernambucano, talvez a parte branca de sua origem venha do português (ou holandês). 

Os dois têm tino bem desenvolvido para se entender com a massa, sabem o que o povo deseja. Gostam de fazer "gestão de pessoas". Lula na parte política, no seu governo;  Tite na parte esportiva, futebol; os dois, cada um no seu momento, devolveram ao brasileiro o orgulho de pertencer ao Brasil.

Outra coincidência é que Tite fez seu sucesso no Corinthians e Lula é um corintiano fanático. Não sei se há outras, mas essas já me bastam para constatar como são parecidos.

Tite precisa aprender com o Domingo de Ramos, quando Jesus Cristo foi saudado com ramos ao adentrar Jerusalém montado num jumento, uma grande festa. Era um prelúdio de suas dores e humilhações. O mesmo povo que o aplaudiu, o levou à cruz. Lula já aprendeu.

O ser humano é contraditório, a humanidade se repete no decorrer da história, entre o aplauso e a vaia, poder haver alguns minutos, milímetros.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras

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