AGENDA CULTURAL

23.6.17

O Leopardo, um livro que merece a sua leitura

Há uma frase que já se tornou parte do folclore político, mas tem autor, que é Giuseppe Tomasi di Lampedusa: "Se quisermos  que tudo continue como está, é preciso que tudo mude". 

Componentes do kit
Hélio Consolaro*
Atualizado em 02/07/2017

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Como escrevi noutra oportunidade, me tornei sócio do "TAG - Experiências Literárias", uma espécie de clube do livro (papel), com volume bem encadernado. Além da capa, há um box. Coisa fina.

O sócio pode escolher o livro que quiser naquele mês, dentre os títulos oferecidos ou deixar que o TAG o surpreenda. Há conselho de curadores que indicam os títulos; no mês de junho, Mario Vargas Llosa (prêmio Nobel) indicou "O Leopardo", julho é a vez de Marcelo Rubens Paiva (escritor brasileiro) indicar.
Caixa embalagem do kit entregue na porta da casa de cada membro do clube

Meio caro?  Para quem é acostumado a comprar livros, nem tanto: R$ 69,90, mas dá para comprar em duas pessoas, num só volume muitos leem. Aliás, não sei se em Araçatuba há muitos assinantes do TAG, mas já daria para fazer uma reunião mensal. A direção do clube sugere isso. 

Se alguém se interessar, entre em contato comigo, faríamos o encontro na Academia Araçatubense de Letras (18 99786 9445 - WhatsApp também). Se há algum grupo já formado, me convide.  

Acabei de ler "O Leopardo", de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, literatura italiana, escrito em 1957, único livro do escritor. Publicação pós-morte, porque as editoras achavam que o livro era "démodé", em descompasso com a literatura da época. Até que, após a morte do autor, um editor se sensibilizou e publicou. Ficou por várias décadas como best-seller italiano, só foi derrubado por Umberto Eco, com o livro "O nome da rosa". 
Giuseppe Tomasi di Lampedusa

O sucesso do livro foi tanto que em 1963, "O Leopardo" virou filme, do diretor Luchiano Visconti e no elenco Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon. Você, caro leitor, pode assistir o filme pelo YouTube, graciosamente.

Mario Vargas Llosa, peruano, prêmio Nobel da Paz, que foi candidato a presidente de seu país (disputando com Fujimori, perdeu), com sensibilidade política, é que recomendou "O Leopardo" para os brasileiros (o TAG tem mais de 13 mil sócios), já pensando (suposição minha) na realidade em que vivemos.

Há uma frase que já se tornou parte do folclore político, mas tem autor, que é Giuseppe Tomasi di Lampedusa, reveladora de pessimismo político próprio de quem está perdendo o poder  (o autor pertencia à nobreza), como a monarquia italiana: "Se quisermos  que tudo continue como está, é preciso que tudo mude". O cenário do livro é o ressurgimento italiano que se configurou como a Itália é hoje.

O livro apresenta a política como cenário, não é o motivo principal, não se preocupe, caro leitor, caso não goste de ler um livro sobre política.

Já falei tanto de Mario Vargas Llosa, agora reproduzo uma apreciação dele sobre o livro: "O Leopardo é uma dessas obras literárias que aparecem de tempos em tempos e que, uma vez que nos deslumbram, confundem-nos, porque nos confrontam com o mistério da genialidade artística".

O começo do livro é desanimador, meio difícil, mas passando a primeira parte, a leitura deslancha. No final, há um posfácio do tradutor Maurício Santana Dias muito esclarecedor e apêndices.  

Resenha crítica sobre o livro, escolha o linque para acessar:

O filho único de Lampedusa - pela escritora Letícia Wierzchowski

Entre dois mundos - pelo escritor Sérgio Rodrigues

Boa leitura.

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro da Academia Araçatubense de Letras

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