AGENDA CULTURAL

9.7.17

Joesley não soube ser rico

 Joesley (nome de pobre, novo rico), que não tem estudo, talvez não goste de de gastar com obras de arte, mas adora comprar pessoas

Joesley Batista: de bilionário discreto ao empresário que entregou o presidente

Não sei se vou escrever aquilo que todos já falaram sobre Joesley Batista, eu ia me calar, mas assistindo ao filme franco-canadense "Cosmópolis" (Netflix), cujo protagonista é um ricaço norte-americano de 27 anos, me lembrei do goiano, que não terminou o ensino médio e ganhou a vida carregando enormes peças de carne nas costas e fazendo entregas em açougues de Brasília. 


Sinopse do filme:
Eric Packer (Robert Pattinson) é um jovem e atraente multimilionário nova-iorquino. O filme segue o seu percurso durante 24 horas consecutivas, onde percorre a cidade que nunca dorme em busca de algo que o salve do tédio absoluto em que vive. Ao mesmo tempo, a bolsa atravessa um momento de crise sem precedentes. E Eric nunca poderia imaginar que, em menos de um dia, perderia toda a sua fortuna.
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Realizado por David Cronenberg, a partir de um romance de Don DeLillo, conta com produção de Paulo Branco e interpretação do actor Robert Pattinson à frente de um elenco que inclui Paul Giamatti, Juliette Binoche, Mathieu Amalric e Samantha Morton.

O Estado de Goiás, dentre os 27 estados brasileiros, prima pelo enriquecimento no agronegócio, na música sertaneja. Se é a história de um pobre que ficou rico, pode ter certeza, é goiano.

O sonho de um capitalista, e todo trabalhador brasileiro é um capitalista pobre, é ficar podre de rico, mas a riqueza para ser boa e completa precisa ser ostentada. Sentimento meio semelhante ao machista que come a mulher mais bonita da cidade, mas se ele não dizer isso para os amigos, não tem graça.

Nas antigas quermesses da zona rural, feitas pela Igreja Católica, sitiantes disputavam poder dando o maior lance (um dinheirão) para qualquer besteira. Assim o padre juntava dinheiro para construir o templo. O objetivo era ajudar a religião, mas o principal era demonstrar que o arrematador era o sujeito do dinheiro naquele pedaço. Pura ostentação. 

Os atuais milionários gostam de arrematar obras de arte em leilões, peças raras, roupas de ídolos, como forma de comprar algo, talvez imprestável para aquele ser endinheirado, apenas pelo prazer de mostrar que pode.

Outros gostam de comprar pessoas importantes, que elas se dobrem a seus pés por causa de sua fortuna. Joesley (nome de pobre, novo rico), que não tem estudo, talvez não goste de comprar obras de arte, mas adora comprar pessoas.

Segundo manda o figurino (que arcaísmo linguístico!), o rico, rico mesmo, por tradição, não ostenta sua riqueza. Usa-a para seu conforto, mas sem ostentação. É meio difícil, mas conheço alguns, porque a história do camelo e a agulha continua verdadeira, a riqueza exagerada deixa sequelas.

Veja vídeo, clicando aqui

*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Araçatuba-SP

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