AGENDA CULTURAL

26.12.20

Um livro de Jorge Miguel Marinho apresenta Clarice Lispector para os jovens


100 anos de nascimento de Clarice Lispector



Capa do livro "Lis no peito", foto de Jorge Migue Marinho, foto de Clarice Lispector, livros publicados por C.L. 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Gosto de ler livros que se jogam na minha frente, fruto do acaso e não pelo mercado editorial. Assim aconteceu com o livro "Lis no peito - Um livro que pede perdão", de Jorge Miguel Marinho. 

Como editor, precisava ver uma encadernação diferente, projeto gráfico inovador. Não estava atrás do conteúdo. Então me mandaram o tal "Lis no peito" que chegou como uma mulher insinuante, cujo vestido revelava ter um bom conteúdo. Livro de projeto gráfico premiado pelo Jabuti 2006 e também no gênero juvenil. 

Abri o livro, fui esfregar o nariz nele porque tinha um projeto gráfico ousado: conteúdo e forma trabalharam juntos que me levaram a lê-lo. O título "Lis no peito" é uma aproximação de leitura fonética de "Lispector". 

Não estava em promoção, pois foi lançado em 2005 e seu autor falecera em 2019. Páginas, 184; 16cm x 23cm; editora Biruta. R$ 27,50 novo; R$ 13,00 no sebo. Amazon.

PRÊMIOS OBTIDOS PELO LIVRO

• Prêmio Jabuti 2006 -  Juvenil
• Prêmio Jabuti 2006 - Projeto Gráfico
• Altamente Recomendável FNLIJ 2006  | Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil
• White Ravens 2006 | International Youth Library, Munique – Alemanha
• O Melhor para a Criança FNLIJ 2006 (Juvenil) | Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil
• Os 100 livros imperdíveis  | Revista Nova Escola 2012
• Revista Machado de Assis, 3ª edição - FBN | Fundação Biblioteca Nacional
• PNBE 2009 | Programa Nacional Biblioteca da Escola

SINOPSE

Nada melhor do que reproduzir a sinopse da editora que revela o raso do livro: "Este livro, que se inspira na obra de Clarice Lispector, fala de amor entre jovens, da felicidade de adiar um primeiro beijo tendo a certeza de que ele vai acontecer, de delicadezas e violências que são tão presentes no mundo de quem quer se descobrir. Há um crime, imperdoável talvez, e o possível criminoso pede para um escritor amigo escrever a sua história, porque ele mesmo não consegue entender se é culpado ou não. Precisa de outros olhos para ser condenado ou absolvido. É aí que o leitor entra e se vê responsável e seduzido para dar o seu veredicto final."

CLARICE LISPECTOR

Fui à busca de algum estudo mais profundo do livro "Lis peito - Um livro que pede perdão" e encontrei na internet em PDF, de várias páginas, de Anete Mariza Torres Di Gregorio (UNIABEU/UNIG) - anetemariza@ig.com.br, com o seguinte título: "Breve análise sobre a simbiose entre Jorge Miguel Marinho e Clarice Lispector". 

Clarice Lispector é um dos enunciadores, mas havia uma personagem que fazia par romântico com Marcos César que se chamava Clarice também. A leitura dos livros da escritora brasileira ia contagiando os dois personagens além do narrador (enunciador 1) já conhecer os livros por ser professor da escola.

O leitor entra na história porque é chamado a fazer parte do júri, pois haverá um julgamento do crime praticado por Marcos César e no tribunal de sua consciência, não sabia se era culpado ou não. Quer saber o crime? Só a leitura do livro vai lhe revelar. 

O leitor juvenil lê o livro não só para conhecer o enredo, mas também apreende o pensamento de Clarice Lispector, entra em contato com os ensinamentos da vida. Trata-se de um livro com compromisso com a literatura, sem ser catequético, engajado. Ótimo livro para ter leitura recomendada na escola, a partir do 9.o ano.

Para a adulto que conhece a escritor, ler o livro de Jorge torna a leitura importante por descobrir que escritor era um conhecedor profundo de Clarice Lispector. Trata-se de um reencontro com escritora. O livro facilita o acesso da juventude à escritora sem barateá-lo.  

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