AGENDA CULTURAL

16.9.06

Assaltou com o revólver do neto

Hélio Consolaro

Antes, Penápolis, cidade de nossa região, parecia um paraíso, primeiro mundo, porque esta Folha não dispunha de um correspondente naquele município.

Agora, há o Lázaro Jr., e todos os leitores ficam sabendo o que acontece na terra de Maria Chica. Nunca se viu uma cidade mais violenta. Por lá, acontece cada crime esquisito...

Assim vive a política brasileira. Agora, com liberdade e a Polícia Federal independente para investigar, sem atrelamento, a podridão aparece, nada é jogado por baixo do tapete. Então, parece que a corrupção aumentou no Brasil. Na verdade, está havendo mais transparência, tudo é divulgado, nada é escondido.

Não é disso que quero escrever. Afinal, Entrelinhas é um canto descontraído. Quero contar o caso de uma senhora de 79 anos com uma viseira com a inscrição "Princesa" (parecendo moto-táxi), a boca dormente após a visita ao dentista e uma arma de plástico assalta um banco.

Não se trata, caro leitor, de velhinha que recebe pensão do INSS, revoltada com os minguados proventos recebidos, querendo defender o leitinho dos netos, pois o fato não aconteceu no Brasil. Ela começou a ser marginal, dando uma guinada de 180 graus em sua vida. Doidos há em qualquer lugar, muito mais no primeiro mundo.

Esse foi o plano de Melvena Cooke que tentou levar uma grana de um banco em Chicago, pois sua vida andava muito monótona, queria, portanto, viver uma aventura. E assim ajudar as obras filantrópicas, no estilo Robin
Hood.

Segundo agente do FBI, Melvena foi a uma agência do Bank of America em Chicago vestida de preto, com a viseira e a arma de plástico, que era do neto.

Com a boca grogue, falando meio esquisito, após a ida ao dentista, ela pediu a um dos caixas que se aproximasse, pois não podia falar muito alto. Com a arma na mão, disse-lhe:

- Me dê 30 mil dólares! Ande, rápido!

O funcionário do banco percebeu que a arma era de plástico, brinquedinho de criança, e ativou um sinal de alarme silencioso. Danou-se! A polícia chegou com todo o aparato. Quem é, quem não é, era a velhinha. E ela escafedeu-se! Já havia posto o pé no mundo.

Dona Melvena deixou o banco com uma mão na frente e outra atrás. Sem um tostão. A velhinha foi capturada em seguida numa loja nas proximidades. Teve as duas mãos algemadas.

- A senhora, vovó!

Filhos, netos e amigos se mobilizaram e pagaram uma fiança de 4.500 dólares, e ela foi libertada, tornando a heroína da terceira idade. Se for declarada culpada, Dona Melvena corre o risco de pegar até 20 anos de prisão.

- Vai aprender a roubar na cadeia, sua vagabunda! Com 99 anos, terá mais experiência – diria o policial, se ela fosse brasileira e morasse em Penápolis.

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