AGENDA CULTURAL

27.7.07

Repórteres no boteco


Hélio Consolaro

O boteco Bate Forte estava cheio de barrigudinhos encorujados. Que frio! Era cachaça daqui, cachaça de lá, ou, então, conhaque Presidente. E havia quem gritasse:

- Uma garrafa de vinho Chapinha!

Com o frio medonho, o Dia Nacional da Cerveja se transformou em Dia Nacional da Bebedeira.

Cada barrigudinho, ao chegar, fazia o seu pedido e jogava o seu primeiro gole ao santo Onofre que lá de cima de seu nicho dava a sua proteção.
Seu Sugiro nem apareceu para armar sua churrasqueira. Frio demais.

De repente, entraram duas moçoilas e um fotógrafo, acompanhadas por Bicho Grilo. Ouviram-se assobios, aqueles provocativos, que os homens de antigamente faziam quando passava uma mulher bonita.

- Agatha, Graziela e Alexandre são colegas de Folha da Região do Consa, vieram fazer uma reportagem sobre o Bate Forte – disse Bicho Grilo.

Alexandre queria saber quem era o Burguês, palmeirense como ele.

- A seu dispor! – se apresentou Burguês.

E Alexandre clicou. A partir daí, foi só faísca!

- Eu sou o Banguelo!

- Eu sou o Gordo!

- Eu sou o Subversivo!

- Eu sou o Guiné!

Graziela se apresentou ao Dr. Duas Caras, que logo se levantou e a convidou para se sentar, como os cavalheiros faziam antigamente diante de uma dama. O advogado ainda estava sóbrio.

Enquanto isso, Agatha ficou conversando com Bicho Grilo e Subversivo as questões culturais da cidade.

Graziela perguntou ao Dr. Duas Caras:

- O senhor é o advogado dos dois rachadores da av. Pompeu de Toledo?

- Não, não sou, não me procuraram. Todas as pessoas têm direito à defesa, bem paga ou gratuitamente.

Sabedora de que a opinião do Dr. Duas Caras mudava após a ingestão de uma garrafa de Chateau, depois de algum tempo, a repórter voltou à mesa do advogado e fez novamente a pergunta. A resposta veio nadando em vinho seco:

- Como dois sujeitos, homens com mais de 30 anos continuam fazendo molecagem numa avenida, pondo em risco a vida de pessoas? Esses marmanjões não trabalham?

E continuou:

- Se eu fosse pai de um deles, deixaria o cara apodrecer na cadeia, como fez Juraci Martins, que não pagou fiança porque o filho foi preso por dirigir embriagado nas ruas de Londrina-PR!

- O cara lá, o paranaense, não é pai, é padrasto! – contra-argumentou Burguês.

Miltão disse que os filhos precisam de limites. Burguês redargüiu dizendo:

- Você fala isso porque não é pai!

E tudo virou um vozerio danado. Até murro na mesa foi dado. Faca Amolada gritou logo:

- Vinho por conta da casa!

E tudo voltou ao normal, com gargalhadas e muita alegria.

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