AGENDA CULTURAL

14.6.08

Aquele golzinho...


Aquele golzinho...

O boteco Bate Forte estava repleto de barrigudinhos no Dia Nacional da Cerveja, sexta-feira. O santo, o Onofre, era homenageado por todos com o primeiro gole, deixando Dona Assunta aflita, pois o chão do boteco virava uma lama, exigindo pano e rodo a toda hora.

Faca Amolada e Caneta Louca corriam, os pedidos vinham nervosos:

- Uma cerva bem gelada!

- Uma garrafa de vinho, por favor!

- Uma porção de caldo de mocotó! O tempo urge...

Seu Sugiro, todo enciumado, gritou lá da calçada:

- Sugiro espetinhos de filé miau, né! Espetinho de queijo também bom, né!

E para a alegria do japonês churrasqueiro, os pedidos choviam em sua roça.

Para homenagear Seu Sugiro, pelo centenário da imigração japonesa, a dupla Marmita & Passa Fome, marcando seu retorno ao palco do Bate Forte cantou:

- Essa é história de três japoneses que trabalhavam no serviço de tocar gado Toshido, Okuda e Tanaka: Viajando... Pela estrada/ Okuda na frente / Tocava berrante / Chamava os vacas / E Tanaka, dependurado / Distraindo os vacas...

Todos gritaram vivas a Seu Sugiro. E ele agradeceu:

- Japonês, garantido, brasileiro, né! No Japão, sou apenas decasségui!

E a música continuava:

- Tanaka bebeu, encheu a cara de saque / E pulou na picadeiro / Tolerância, atirei no vaca / A chifruda tremeu, e no pulo que deu / Matou o companheiro Tanaka / Eu ficar sozinho Tocando vaca...

Quando Subversivo entrou no boteco, Marmita & Passa Fome entoaram o hino do Corinthians. Dias antes, seria uma homenagem, mas depois de ficar só com a série B, soou como um desaforo.

A praga dos palmeirenses pegou. Burguês a repetiu:

- Não falei que aquele golzinho do Enilton, aos 46 minutos, no Morumbi, daria o título aos pernambucanos.

Subversivo continuou cabisbaixo, mas quando o Burguês insultou:

- Agora, os corintianos vão enfiar o pau da bandeira no fiofó! Bem feito!

Aí, Sub virou uma fera, apesar de sua fraqueza por causa do tratamento médico, chutou Burguês, xingou a todos, chorou e berrou publicamente:

- Eu não merecia isso! Os corintianos não mereciam mais esse vexame!

E foi aquele choro alto. Deixando todos consternados, com dó. Era uma valente que se rendia. Bicho Grilo, conhecedor do poema

I-Juca-Pirama, de Gonçalves Dias, gritou:

- Meninos, eu vi!

Faca Amolada percebeu aquele ambiente de velório, gritou logo a alegria:

- Gente, rodada por conta da casa!

Todos riram, confortaram Subversivo:

- Um guerreiro nunca entrega sua arma! – disse Dr. Duas Caras.

E Caneta Louca foi trabalhar as comandas: marcar tudo em dobro.

Um comentário:

Beatriz Nascimento disse...

O timão perdeu, mas não desisto dele não, assim como Subversivo chorei bastante,rs... Na próxima vencemos.

Adorei a crônica^^