Aquele golzinho...
O boteco Bate Forte estava repleto de barrigudinhos no Dia Nacional da Cerveja, sexta-feira. O santo, o Onofre, era homenageado por todos com o primeiro gole, deixando Dona Assunta aflita, pois o chão do boteco virava uma lama, exigindo pano e rodo a toda hora.
Faca Amolada e Caneta Louca corriam, os pedidos vinham nervosos:
- Uma cerva bem gelada!
- Uma garrafa de vinho, por favor!
- Uma porção de caldo de mocotó! O tempo urge...
Seu Sugiro, todo enciumado, gritou lá da calçada:
- Sugiro espetinhos de filé miau, né! Espetinho de queijo também bom, né!
E para a alegria do japonês churrasqueiro, os pedidos choviam em sua roça.
Para homenagear Seu Sugiro, pelo centenário da imigração japonesa, a dupla Marmita & Passa Fome, marcando seu retorno ao palco do Bate Forte cantou:
- Essa é história de três japoneses que trabalhavam no serviço de tocar gado Toshido, Okuda e Tanaka: Viajando... Pela estrada/ Okuda na frente / Tocava berrante / Chamava os vacas / E Tanaka, dependurado / Distraindo os vacas...
Todos gritaram vivas a Seu Sugiro. E ele agradeceu:
- Japonês, garantido, brasileiro, né! No Japão, sou apenas decasségui!
E a música continuava:
- Tanaka bebeu, encheu a cara de saque / E pulou na picadeiro / Tolerância, atirei no vaca / A chifruda tremeu, e no pulo que deu / Matou o companheiro Tanaka / Eu ficar sozinho Tocando vaca...
Quando Subversivo entrou no boteco, Marmita & Passa Fome entoaram o hino do Corinthians. Dias antes, seria uma homenagem, mas depois de ficar só com a série B, soou como um desaforo.
A praga dos palmeirenses pegou. Burguês a repetiu:
- Não falei que aquele golzinho do Enilton, aos 46 minutos, no Morumbi, daria o título aos pernambucanos.
Subversivo continuou cabisbaixo, mas quando o Burguês insultou:
- Agora, os corintianos vão enfiar o pau da bandeira no fiofó! Bem feito!
Aí, Sub virou uma fera, apesar de sua fraqueza por causa do tratamento médico, chutou Burguês, xingou a todos, chorou e berrou publicamente:
- Eu não merecia isso! Os corintianos não mereciam mais esse vexame!
E foi aquele choro alto. Deixando todos consternados, com dó. Era uma valente que se rendia. Bicho Grilo, conhecedor do poema
I-Juca-Pirama, de Gonçalves Dias, gritou:
- Meninos, eu vi!
Faca Amolada percebeu aquele ambiente de velório, gritou logo a alegria:
- Gente, rodada por conta da casa!
Todos riram, confortaram Subversivo:
- Um guerreiro nunca entrega sua arma! – disse Dr. Duas Caras.
E Caneta Louca foi trabalhar as comandas: marcar tudo em dobro.
Um comentário:
O timão perdeu, mas não desisto dele não, assim como Subversivo chorei bastante,rs... Na próxima vencemos.
Adorei a crônica^^
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