O teatro foi pequeno

Palco e público do teatro Paulo Alcides Jorge, Araçatuba, durante o espetáculo de 23 anos de Rafael Zago

Hélio Consolaro*

Ao assistir ao show do tenor Rafael Zago, no sábado, 29 de junho de 2014, no teatro Paulo Alcides Jorge, Araçatuba, elaborei uma frase para aliviar os mais idosos que pensam ser insubstituíveis.

Exemplo: os grandes valores artísticos de Araçatuba estão morrendo, indo embora, estamos ficando órfãos. Velhos, não nos desesperemos, os jovens estão chegando.

 

Valmir Aparecido de Oliveira, sempre de costas nas fotos, teve participação marcante na vida de Rafael Zago

Em termos de amizade, afeto, identificação, sim, pois é uma geração que se despede, vai embora, mas a humanidade se renova, como se fosse o corpo de uma ave que vai trocando as penas. Assim caminha a humanidade, há muita gente que vai sem querer ir. Precisamos cumprir com serenidade nosso destino.

Rafael Zago, por exemplo. Um menino com 23 anos deu um show, com auditório lotado, como presente de seu aniversário aos que se interessam por música. O teatro municipal Paulo Alcides Jorge foi pequeno.

 

Rafael Zago canta e encanta o seu público

Conheci o menino Rafael Zago nas apresentações do grupo Amigos da Seresta, de Araçatuba, quando faz algumas intervenções a convite de Aurélio Rosalino, trazido pelas mãos Eliana Nakaguma.

O tenor mora em Birigui e escolheu Araçatuba para seu show. A Secretaria Municipal de Araçatuba sentiu-se homenageada com tal escolha, sem bairrismo, porque as duas cidades hoje formam uma grande cidade. Lá estava participando do show o músico Marcos Tinarelli, que faz parte da estrutura da Secretaria Municipal de Cultura de Birigui. Também encontrei o vereador biriguiense Wlademir Antônio Zavanella (PDT) presente no show de seu conterrâneo. Ouvi alguém numa roda reivindicando do vereador a construção de um teatro municipal na Cidade Pérola.

 

Eliana Nakaguma acompanha Rafael Zago no teclado. Ela é a professora citada várias vezes durante o show por ele

Araçatuba tem dois teatros municipais, cada um com 200 lugares, mas temos o compromisso do prefeito Cido Sério(PT) da construção de um maior até o final de seu segundo mandato, para espetáculos de grandes plateias.

O mundo cultural de um município não pode ficar alheia à política local, principalmente à política cultural de sua cidade. Fomento, formação de público, cidadania cultural. O momento mais decisivo para isso é a época de eleição municipal.

 

Marcos Tinarelli, músico de Birigui, no teclado, também acompanhou Rafael Zago

A cultura precisa fazer parte do discurso dos candidatos nas eleições municipais, pois eles que precisam conhecer as necessidades da área no município que querem dirigir. Precisamos formar a cidadania cultural.

Birigui está em bom caminho, já criou a Secretaria Municipal de Cultura, já aderiu ao Sistema Nacional de Cultura. Lá há os centros culturais do Sesc e o Sesi e tem Rafael Zago.  

Aproveitei o ensejo para explicar a necessidade de cada município criar sua política cultural, mas quero mesmo é dar parabéns ao Rafael Zago, o nosso Luciano Pavarotti, a seus professores que fizeram o seu talento aflorar.

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*Hélio Consolaro é professor, jornalista, escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP