AGENDA CULTURAL

3.1.15

Ministro Gabas

Carlos Eduardo Gabas abraça prefeito de Araçatuba, Cido Sério (PT)
Hélio Consolaro*

Talvez eu curta neste momento aquele orgulho bobo porque um de meus ex-alunos se tornou ministro. Professor tem essa mania de grandeza de achar que fez cabeça, influenciou na vida de seus alunos. Ajuda sim, mas nem tanto.

Naquela época, o PT não existia, vivíamos o crepúsculo de uma ditadura militar. Voltei a Araçatuba em 1977, como professor de Português, havia escolhido uma vaga como efetivo (após árduo concurso) na EE Prof. Genésio de Assis, em Araçatuba. Uma escola em que frequentavam alunos da classe média baixa.

Ministro Carlos Eduardo Gabas, presidenta Dilma Rousseff e a esposa Polyana Mitidiero S. Gabas
Numa sexta série do antigo primeiro grau (alunos na faixa de 12 anos), encontrei um menino esperto e educado, com cara de mauricinho: “Carlos Eduardo Gabas”. Nesse mesmo período estudaram lá Dr. Sérgio Marto Evangelista (promotor), Carla Abrantkoski Rister (juíza federal, em São Paulo). Antes disso, Cido Sério (atual prefeito de Araçatuba); depois disso, Beatriz Nogueira (vereadora). Todo esse pessoal morava do outro lado da linha férrea, composto de gente simples, que dividia socialmente Araçatuba.  

Pais de Carlos Eduardo Gabas – Nilson e Aparecida - que moram ainda em Araçatuba (velhinhos), irmão linguista, irmãs médicas. Descendente de italianos. Está ministro por pura competência, há 30 anos é funcionário de carreira do INSS, mas virou petista na luta sindical. Toda essa agilidade que o Brasil ganhou na previdência saiu de sua inteligência porque o PT deu-lhe a oportunidade. Com certeza, com o outro partido no poder, ia longe, mas nunca chegaria a secretário-executivo do ministério nem a ministro. 

Nas vésperas do último Natal (2014), meu mano que trabalha na área técnica das urnas eletrônicas do TSE, em Brasília, comentou comigo que “Carlos Eduardo Gabas era um cara de moral em Brasília, sujeito respeitado pelos defensores da honestidade”. Fiquei mais orgulhoso ainda.

Na edição do blog Tijolaço, editado pelo jornalista Fernando Brito, surge um comentário sobre o político araçatubense (ele é técnico, mas também é político) que me deixou ainda mais orgulhoso:


No ato de posse do ministro Carlos Eduardo Gabas

“Se, para muitos, os nomes dos novos ministros diz pouco, um deles, a mim, diz muito. O de Carlos Eduardo Gabas, a quem conheci quando fui para Brasília e a quem aprendi a respeitar e admirar como pessoa e como administrador. Eficiente, focado, justo e prudente sem deixar de ser firme e ético e, ao mesmo tempo, de imensa simplicidade pessoal, a qual temo ofender com este simples comentário. Desde Lula, depois com Dilma, sempre foi colocado onde era preciso ter alguém capaz de juntar seriedade administrativa com ótima capacidade de relacionamento. Em poucos meses, desenvolvemos absoluta confiança mútua nos  assuntos administrativos que juntos tivemos de tratar, a qual, de minha parte, prossegue na política, que jamais Gabas vi confundir com politicagem. Ser ministro de direito não é novidade para quem já o foi, tantas vezes, na prática e por interinidade. Não lhe subirá a cabeça de soldado político e não desejo a ele nada que seja diferente de ser o que sempre o vi ser.”

A presidenta Dilma recebeu de Araçatuba a ingratidão em termos de votos na última eleição, pelo tanto que investiu no município, mas nem por isso deixou de buscar as melhores cabeças, as melhores lideranças do Oeste Paulista: Carlos Eduardo Gabas (Araçatuba), Edinho Araújo (Rio Preto), Valdir Moysés Simão (Birigui) e Elisete Berchiol da Silva Iwai (Araçatuba).  

*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Secretário municipal de Cultura de Araçatuba-SP
     



4 comentários:

Anônimo disse...

Lógico, amigo Consa, lógico que o caminhar do Carlinhos tem muito da marca de você como amigo e professor. Das minhas lembranças, surgem as figuras de meus professores, verdadeiros condutores do nosso destino, nos quais nos espelhamos em toda nossa caminhada. Com você não podia ser diferente, tenho certeza do que falo. Um orgulho para mim, ser íntimo do mestre e do discípulo. Parabéns a todos! Bié.

HAMILTON BRITO... disse...

Tá aí, o mestre esta cheio de orgulho. E agora, orgulho é pecado?
Ajudou a fazer o alicerce, a base. O resto vem como consequência.
Meus cumprimentos

Carlos Eduardo Gabas disse...

Caro amigo e Mestre Consa,
Dos tempos do nosso querido "Genésio de Assis", restam boas lembranças, saudades e valiosas lições. As boas lembranças e saudades são dos amigos, da farra com a molecada e do futebol nas horas vagas. As valiosas lições vieram de cidadãos como você, que diariamente e incansavelmente trabalharam na nossa formação intelectual, ética e moral. Lembro da raiva que sentia por causa dos enormes textos que você nos obrigava a redigir, dos inúmeros livros que nos fazia ler e interpretar e do "irritante" zelo com as regras gramaticais. Isso tudo somado à educação firme e exemplar do Sr Nilson e da D. Cida, fizeram de seus quatro filhos pessoas dedicadas ao bem comum e aos valores Cristãos. De quebra, proporcionou a esse menino simples e educado, da periferia da nossa querida Araçatuba, a honrosa missão de auxiliar diretamente os dois últimos Presidentes da República do Brasil. Caro Mestre, tenho enorme orgulho de dizer que estudei no Genésio de Assis e mais orgulho ainda de ter tido um MESTRE como você, justo, honesto, exigente e correto, que marcou nossas vidas com o seu exemplo. OBRIGADO!!!! Forte abraço!!

Anônimo disse...

Viusó, gente, que eu estava carregado de razão ao falar do meu orgulho de ser íntimo do Consa e do Carlinhos? Menino humilde mesmo, atencioso, em cuja cabeça o mundo da vaidade não encontra aconchego. Fico muito feliz com tudo isso, e imagino que o Nilson deve estar chorando de emoção, e a Cida no seu natural agradecimento aos anjos e santos de sua devoção. Amém!!! Bié.