Blog do Consa: Você não é visto como escritor em Araçatuba, aparece mais
o fotógrafo artístico. Essa não é a primeira vez que fica entre os oito
contistas destacados pelo Concurso de Contos Cidade de Araçatuba, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura de Araçatuba. Você é um escritor ou um fotógrafo? Como se define?
Mário Bueno: Me defino como um curioso e experimentador, metido a fotógrafo, escritor e artista plástico, não necessariamente nessa ordem.
Blog do Consa: Quando escreveu "Capitão do céu" pressentiu que
seria um conto vencedor? Como foi a primeira ideia, a semente do conto. Já que
ele retorna ao tempo da escravidão negra e ao Nordeste brasileiro, precisou
pesquisar para escrevê-lo?
Mário Bueno: Na verdade, não. Me empenhei para fazer um texto com qualidade e, sempre que possível, dentro nas normas da gramática e ortografia, mas como sei que o concurso recebe ótimos escritores, não criei grandes expectativas sobre uma possível vitória. Meu processo criativo não é muito linear e tenho várias fontes de inspiração, como fotos, pessoas, textos, etc. No caso específico deste conto, tive como impulso inicial uma frase e uma série fotográfica feita por minha esposa quando esteve na Bahia. E, não, não fiz nenhuma pesquisa específica para escrever o texto.
Blog do Consa: Que sentiu ao receber a notícia de sua classificação: 1.o
lugar? Sempre participa de concursos literários?
Mário Bueno: É sempre muito bom ser premiado. Estava em viagem no Tocantins quando recebi a notícia do primeiro lugar. Fiquei extremamente feliz. Esse foi o quarto concurso literário que participei. Dos quatro, fui premiado em três. Esse, com o primeiro lugar, e outros dois em terceiro lugar.
O livro "Contos Melhores"com os textos vencedores. A página aberta no conto "Capitão do céu", primeiro lugar na categoria regional, de Mário Henrique Silveira Bueno. Leia-o acessando: http://concursodecontos.blogspot.com.br/p/livro-contos-melhores-de-2015.html |
Mário Bueno: Sim, leio com frequência e gosto muito de frequentar livrarias físicas e virtuais, além de pegar livros emprestados com os amigos. Tenho me inspirado bastante em Manoel de Barros, que é, provavelmente, o escritor que mais me emociona, mas também gosto muito de Mia Couto, Saramago, Todorov, Leminsk, Eduardo Giannetti, e mais uma centena de autores que li e adorei.
Blog do Consa: Possui algum livro publicado ou tem projeto de publicar algum? Ou seus textos estão em blogs e sites?
Mário Bueno: Tenho, sim, a ideia de publicar um livro, seja em papel ou em
meio eletrônico, mas primeiro preciso escrever tal livro. Estou começando a
ruminá-lo, mas ainda não coloquei-o no papel. Tenho um blog de poesias no
endereço http://desversos.blogspot.com,
que comecei recentemente e estou publicando meus escritos aos poucos.
Blog do Consa: Como cidadão, você frequenta as redes sociais ou
computador e internet não são a sua praia? Escreve seus
textos diretamente no Word? Ou cria primeiro no papel para depois digitá-lo.
Cartão postal “Museu Cândido Rondon” –
1º Lugar - Mário Henrique Silveira Bueno - Museu Cândido
Rondon - Concurso de Fotografia “Cidade de Araçatuba” - 2012, promovido pela Prefeitura de Araçatuba-SP
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Não sigo uma metologia rígida na hora de escrever meus textos. Às vezes começo no papel, às vezes escrevo direto no word, e às vezes registro as primeiras ideias no celular. Tudo depende da situação e do que estiver à mão no momento.
Blog do Consa: O tema da 7.a Jornada de Literatura foi "De leitor a
navegador", tratando da migração das obras literárias para o suporte
digital. Você acredita que o livro de papel, a exemplo dos rolos de
papiro, tem validade curta?
Mário Bueno: Acho que o texto eletrônico e o texto impresso vão andar juntos, cada qual com suas vantagens e desvantagens. Eu leio bastante no computador, mas ainda prefiro o papel. Posso rabiscar, levar onde quiser, não acaba a bateria, não trava, e ainda posso dar de presente, trocar, enfim, vejo uma série de vantagens no papel, por isso acho que ele ainda tem vida longa.
Blog do Consa: Diga algo sobre o papel da arte na vida das
pessoas.
Mário Bueno: Costumo parafrasear um autor que diz que a arte não serve pra nada, que a gente faz só pra ver como é que fica. Mas, brincadeiras à parte (ou não), acho que a arte pode servir como catarse, como educação, como protesto, como manifestação e também pode não servir pra nada além de simplesmente se bastar no processo criativo e executivo. Finalizando, penso que a arte e a poesia são companheiras inseparáveis dos apaixonados, inevitáveis, coisas das quais não se consegue abrir mão.
Um comentário:
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Li. Gostei. Os primeiros parágrafos são primorosos. O enredo, sobe e desde, desde e sobe.
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