Hélio Consolaro*
Sempre digo e volto a repetir: quem ganha nem sempre leva, e
perdedor pode ser um felizardo. Cronista é um sujeito recorrente, como o
pregador do púlpito, sempre anda falando as mesmas coisas. Assim mesmo, poucos
aprendem.
Quando o goleiro da Chapecoense, naquele jogo contra o San
Lorenzo, no dia 23/11/2016, na Arena Condá, defendeu bravamente a classificação
do time para disputar a final na Colômbia com um dos pés, expulsando a bola do
time argentino de sua área, sem saber, assinava o seu próprio atestado de óbito,
como também os de seus colegas. Se a bola argentina tivesse sido entrado, o
time catarinense não teria viajado para Medellin.
Naquele átimo, fração de segundos, o destino foi selado. Ou
a opção pelo acidente se deu posteriormente, quando os diretores da Chapecoense
procuraram uma empresa com melhor preço? Como dizia a minha avó, o barato,
quase sempre sai caro.
Deixemos o porquê pra lá e tiremos lições dos fatos como
aconteceram. Cada religião, cada teoria tem uma interpretação para os
fatos, cada leitor fique com a sua e seja feliz.
Na verdade, o acidente aéreo nos fez mais sul-americanos,
principalmente os brasileiros que ficam de olhos vidrados nos Estados Unidos e
na Europa e de costas para os países da América do Sul. Como se o modelo de mundo morasse ao norte do
planeta, depois da Linha do Equador.
O futebol está servindo para a integração continental, tanto
as eliminatórias da Copa do Mundo, como as disputas continentais. No acidente
da Chapecoense, brasileiros e colombianos se olharam nos olhos, se sentiram
irmãos.
Aquela solenidade feita pela Colômbia no dia 30/11/2016 no
estádio Atanasio Girardot, no mesmo horário quando haveria o jogo, balançou
nossos corações. A atitude do Atlético Nacional em renunciar ao título em favor
da Chapecoense também mostrou um grau muito forte de irmandade. Os colombianos
nos deram os caminhos de como homenagear nossos próprios atletas em Chapecó.
Quem parte deixa a lição para quem fica. Sabemos como somos
frágeis, mas há pessoas ainda soberbas, ou temos momentos de arrogância, até
parece que não aprendemos nada com os exemplos de humanidade, de solidariedade.
A Chapecoense foi a protagonista, o Atlético Nacional antagonizou com
sabedoria.
Danilo deu o chute mortal para que aprendêssemos tudo isso.
*Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Membro
da Academia Araçatubense de Letras
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