Não tenho medo da morte porque acho que não vou morrer. Vou virar purpurina. - Elza SoaresHélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
A capacidade de resiliência de Elza Soares foi impressionante durante a sua vida. Se o mundo mudava, ela se transformava junto.
Ultimamente, assumia o discurso do empoderamento da mulher e da negritude: "Ser mulher é difícil. Negra, ainda muito mais. Mas, se você parar porque é negra e é mulher, não chega a lugar nenhum".
Essa versatilidade de Elza Soares, adquirida no decorrer de sua vida sofrida, é revelada no seu 32.o álbum "A mulher do fim do mundo", com 11 músicas de vários ritmos, inclusive música eletrônica, gravado em 2015, viabilizado com recursos financeiros da Natura Musical. Este álbum foi trilha sonora da série brasileira "3%" da Netflix.
Nas reportagens televisivas sobre a morte de Elza Zoares, 20/01/2022, o que mais me chocou foi a entrevista de um de seus filhos, que de tão envelhecido parecia o pai de Elza. E ele a chamava de "minha Conceição"; pesquisando o nome da cantora, descobri que o nome dela completo é "Elza Gomes da Conceição Nascimento".
O período mais controverso de sua vida foram os 15 anos em que viveu com Mané Garrincha, quando foi chamada de destruidora de lares. Ocorreu até apanhar do jogador, e o filho Júnior com o atleta morreu aos nove anos de idade.
Mulher de grandes tiradas desde o início da carreira. Quando foi se apresentar no programa radiofônico Calouros em Desfile, comandado por Ary Barroso, com vestido de sua mãe (20 kg a menos), 1953. Ele lhe perguntou sob gargalhada da plateia: "De que planeta você veio, minha filha?" E Elza de pronto respondeu: "Do mesmo planeta que o senhor, Seu Ary. Do planeta fome". Cantou bem e com sucesso. Saiu do anonimato.
Atendendo à sugestão do irmão Ino, ela começou, depois de teste, a cantar com a orquestra do professor. Mas não podia cantar em todos os shows em casas de família e em clube porque não aceitavam cantoras negras.
Eleita pela BBC de Londres em 1999 como a cantora brasileira do milênio; em 2016 o seu álbum "Mulher do fim do mundo" ganhou o Grammy Latino 2016 na categoria "Melhor álbum da Música Popular Brasileira". Ela é uma vencedora.
Elza Soares é a voz da MPB, cuja sigla tem uma tradução marcada a ferro quente no corpo da cantora: Música Preta Brasileira.
7 comentários:
Excelente comentário, prof.Consolaro.
Parabéns professor, Elza realmente foi uma grande cantora, e aqueles que dizem que ela foi destruidora de lares realmente não sabem nada da história,continuam pisoteando sobre os sentimentos femininos e se posicionam como "santos" Viva a Elza!
Boa reportagem parabéns
Grande Elza, sofreu na na mão do Garrincha e ainda foi crudcififcada por isto .
Eu não sabia dessa marca da sigla .
Como sempre,seus.comentários nos
leva a conhecer fatos desconhecidos.Esse da Elza me mostrou muito sobre a sua vida. Exemplar, prof.Hélio Consolaro.
Fatos desconhecidos por muitos...
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