Mudar não é tarefa
fácil. Não só porque implica esforço pessoal, mas pelos custos sociais. Quando
alguém, corajosamente, toma a difícil decisão de “viajar bem” e sair dos
padrões preestabelecidos, a pressão social é inexorável, sobretudo quando as
metas do indivíduo não coincidem com os valores do grupo de referência. Por
exemplo, em determinadas subculturas, os objetivos vocacionais que
se distanciam da produção econômica são vistos como sinônimos de vagabundagem
ou idealismo ingênuo. Uma mulher me dizia em uma consulta:
“Quero que avalie meu filho. Há alguma coisa errada com ele, quer
estudar música em vez de engenharia”.
Quando
trocamos a rota convencional por uma mais atrevida e tentamos caminhos novos,
as pessoas rígidas e apegadas às normas nos taxam de imaturos ou “instáveis”,
como se “não mudar de rumo” fosse sinônimo de inteligência. Uma rápida olhada
nas pessoas que tiveram um papel importante na história da humanidade mostra
que a existência de certa “instabilidade e insatisfação com o entorno são
condições imprescindíveis para viver intensamente. Tanto a conformidade radical
quanto o aprumo absoluto são baluartes que não movem o mundo. Não
tema rever, trocar ou modificar suas metas se forem fonte de sofrimento. De que
outro modo você poderia se aproximar da felicidade?
O
importante, então, não é somente ter níveis adequados de autoexigência (não
daninhos) mas também ser capaz de rever e modificar os critérios que o asfixiam
e o impedem de ser como gostaria de ser. Para isso, você não pode ser muito
“estável” ou muito “estruturado”, precisa de uma pitada de “insensatez” ou de
“loucura motivacional”, no bom sentido, é claro. As pessoas muito autocríticas
e rígidas consigo mesmas sofrem muito porque o mundo não se adapta às suas
expectativas. Impõem tantas condições e requisitos para transitar para vida que
a cada passo batem nas paredes de uma normatização irracional. Outros, porém
percorrem uma verdadeira estrada confortável e tranquila: ser flexível e rever
a si mesmo é, sem sombra de dúvidas, uma virtude dos indivíduos emocional e
racionalmente inteligentes.
Aqueles que não se aceitam mostram uma curiosa inversão nas regras que determinam a sobrevivência emocional: são muito “duros” consigo mesmos na hora, de criticar seu rendimento e muito “moles” quando avaliam os demais. Ao contrário, segundo os dados disponíveis, os sujeitos que mostram uma boa autoestima procuram manter um equilíbrio junto na hora de autoavaliação: não se destroem nem destroem os outros. De jeito nenhum estou defendendo o autoengano, simplesmente penso que, às vezes, é muito útil para a saúde mental “fazer vista grossa” diante de erros ou defeitos pessoais pequenos e insignificantes. O eu tem de ser mimado. O contrassenso é evidente: as pessoas muito rígidas consigo, vestem uma camisa de força para não perder a cabeça, e o resultado costuma ser o desajuste psicológico. Resenha e comentários de capítulo do livro do escritor Walter Riso.
Gervásio Antônio Consolaro, diretor da AFRESP, ex-delegado regional tributário, auditor fiscal da receita estadual aposentado, formado em administração, ciências contábeis e bacharel em Direito.
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