(07/10/2012)
Cumprimentar
uma pessoa, às vezes, é feito automaticamente, mas tudo em nossa vida tem
uma história, um porquê.
Dizer
a alguém “bom-dia” é desejo de amigo, mas nem sempre é assim: desejamos coisas
boas para nossos inimigos.
Até
aí, tudo bem, pois Jesus Cristo já disse que amar os amigos é fácil; sacrifício
mesmo, por isso um ato de amor extremo, é amar os inimigos.
Um
candidato a prefeito de Araçatuba que foi espinafrado pelo outro durante os
debates da tevê no pleito de 2012, ao encontrar seu algoz no local de votação
no dia 7 de outubro, não aceitou o abraço dele.
O
classificado como fingido pensou assim: “Tudo não passou de brincadeirinha,
política é assim mesmo.” O autêntico não soube esconder seus sentimentos. Como
já escreveu Machado de Assis: não existe nada mais doloroso do que a
autenticidade, a hipocrisia dói menos.
Sempre
defendi que não se deve perder a amizade por causa de política, principalmente
quando não somos candidatos. Se for candidato, lembre-se: o inimigo de hoje,
pode ser um aliado amanhã. Então... Encare as eleições como se fosse uma
partida de futebol. As botinadas terminam no fim do jogo.
Sabemos
que o voto substituiu as armas. Antigamente, a disputa de poder se fazia no
braço, na porrada, com revoluções e guerras. Hoje, na democracia, pugnamos
usando as urnas, teclando de que lado estamos.
Já
fui vítima de um político negar-me o cumprimento na hora em que lhe estendia a
mão. Entendi o seu recado: “Estou armado contra você. Se passar na minha frente,
não conte com minha clemência”. Então, todo cuidado é pouco.
Também
neguei cumprimento recentemente a um sujeito que discordava de minhas posições
políticas. Em vez de argumentar, me xingava por e-mail, essas coisas. Era meu
amigo, ex-colega de trabalho, foi meu aluno, ensinei a ele o pouquinho que sabe na
sua profissão. Certo dia, num bar, ele veio me cumprimentar. A minha resposta
foi direta:
-
Para eu cumprimentar você, precisamos conversar muito. Deixe esse cumprimento
para outra hora.
O
pessoal que estava na mesa comigo estranhou minha atitude. Naquele momento, eu
mostrei que o cumprimento precisa ser precedido de uma reconciliação. Não
aceitei a hipocrisia indolor.
Discordar,
ter posições diferentes, tudo bem. Tudo isso pode acontecer num ambiente
democrático. Agora xingar, soltar panfletos apócrifos no dia da eleição só
porque há uma discordância política ou disputa eleitoral é desvio de
personalidade. Não sou nenhum monge
tibetano, falo alto, esbravejo, até grito em certas situações, jamais diminuo o
outro.
Então,
caro eleitor, nesta eleição, se perder, faça uma avaliação da derrota. Não
fique jogando a culpa dela no outro, quase sempre ela está em nós mesmos. O
Lula tentou quatros vezes para conseguir ser presidente do Brasil, assim
aconteceu com o presidente francês “François Mitterrand”. Ao chegar lá, ambos
foram excelentes líderes nacionais.
Não
diga: “Fui traído”. Seria mais dignificante confessar: “Errei de novo”. Perder
e cumprimentar o vencedor é sinal de civilidade, tanto nos esportes como na
política. Embora seja da política que nascem as guerras, vamos quebrar o
paradigma, cultivando a paz neste momento tenso.
*Hélio
Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP
6 comentários:
Se foi a vontade da maioria, fico satisfeito. Se votei nele ou nao, nao interessa. O que interesa é que a vontade da maioria prevaleceu.
Deo Gratias!
pois éh
Pois é.
Toda vitória é cíclica. Por isso administrar louros, poucos sabem. Somente aqueles que atingiram a maturidade. Todo conflito étnico nasce devido o tripudio dos que detém o poder aos subordinados. Lendo o tratado de Versalhes, vemos a imposição sofrida pela Alemanha, e isto gerou ódio mortal contra os opressores. Numa alternância de poder, vimos a tragédia que aconteceu. Um inimigo a menos é sempre melhor que um inimigo a mais. Abraços!
Excelente artigo...É lição Conselho de vida
Também gostei do artigo. Boa noite
Postar um comentário