AGENDA CULTURAL

18.5.19

Presidente desaforado


Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP

Quando havia pensado que todos os loucos tinham chegado à presidência da República com Jânio Quadros e Fernando Collor, eis que surge Jair Bolsonaro. O sujeito se acha maior que o mundo.

Há momentos de calmaria em seu governo, mas quando vai aos Estados Unidos, o homem vira um monstro. Talvez seja um sujeito maria vai com as outras, os que estão mais perto influenciam o seu comportamento ou então é bipolar. Todos nós somos portadores de certa bipolaridade, mas o nível de Bolsonaro é exagerado.

Não vou discutir aqui se ele é honesto ou não, se de direita ou esquerda, porque a gente emocionalmente instável existe de montão também na esquerda. Vou falar do jeitão dele.

Parece que Bolsonaro e a família têm raiva de professor, é contra a arte e a cultura, porque têm trauma de escola. Os Bolsonaros falam e escrevem mal. Basta acompanhar os escritos dos filhos nas redes sociais.

A italianidade dele está à flor da pele, não aguenta desaforo, mas se alguém enfrenta-o, sai correndo como um cão medroso. Daí o diz e desdiz.

Fala tanto em armas, com certeza, nunca atirou em ninguém. Um falastrão da falsa valentia. Ele se acha o certo e não admite as verdades alheias. Dialogar, conversar, fazer acordos é conceder, conchavar. Conclusão: não sabe navegar pelas águas do comportamento democrático.

O seu lema: amigo é amigo, filho da puta é filho da puta, não há aliados. Não sabe governar com diferentes, nem que sejam gente que ajudaram a elegê-lo. E pior: pessoas assim arrebatam seguidores com facilidade numa campanha eleitoral. Na hora de governar, com a vitória, se dão mal.

Conheço um amigo que se apegou tanto às suas verdades, discordou tanto e de tudo que hoje não tem mais amizade nem com parentes. Bolsonaro pode ficar sem governados.

Vou mandar a Brasília ao italiano desaforado livros do escritor brasileiro Machado de Assis que diz ser a hipocrisia menos dolorida que a autenticidade. Na verdade, é impossível conviver socialmente sem dissimulação. 

Este cronista estava predisposto a suportar o sucesso dele na governança. "Que venha Bolsonaro, já que sou Consolaro!" Mas está difícil. Desse jeito, o seu governo nem precisa de oposição, porque há um inimigo enorme morando dentro dele mesmo. Se explique, sujeito! Mourão vem aí! 
  

Um comentário:

arlenpontes disse...

Esse "presidente" carrega o perfil nazi-facista de Hitler mas com uma pitada do humor pastelão do Bozo, daí seu nome carinhoso Bozonaro! Minha bandeira é vermelha!