AGENDA CULTURAL

11.10.21

Na prisão, se converte para a literatura

 

Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba

(Mudanças no texto: 13/10/2021)

Durante uma prisão, o ócio é o maior castigo, mas também pode ser um prêmio, porque a leitura e a escrita propiciam ocupação.
Muitos entram quase analfabetos e saem leitores e até escritores. Basta ter voluntários que ajudem nessa caminhada nos presídios e centros de ressocialização. O Estado de São Paulo tem uma ferramenta muito importante para isso: Fundação de Assistência ao Presidiário - Funap.
Assim aconteceu com Adenilson Almeida Souza, aqui no Centro de Ressocialização de Araçatuba, que escreveu o livro O PROPÓSITO DE PIEGAS - CONTOS, cuja tiragem foi doada por um mecenas.

Conheci o seu trabalho pelas mãos de Maria Palmira Minholi Dias, professora de Matemática e voluntária do clube de leitura na unidade, que me pediu, como membro da Academia Araçatubense de Letras, orientação e cheguei à revisão de parte do livro.

Para exemplificar o esforço de Adenilson, cito três livros (há dezenas), clássicos, que foram escritos no cárcere, cujos autores já foram presos com livros publicados.
Memórias do cárcere, de Graciliano Ramos, literatura brasileira, quando foi preso político, entre 1936-37, durante a ditadura Vargas.

Miguel de Cervantes escreveu parte do livro Dom Quixote na prisão, ficou detidos por dívidas durante o século 16. Naquela época se prendia por não saldar seu compromissos. Por lá, ele delineou as personagens Dom Quixote de La Mancha e Sancho Pança.

Encarcerado em 1895 por dois anos, Oscar Wilde escreveu uma carta a Lord Alfred Douglas, com quem mantinha uma relação que foi o estopim para sua prisão. Intitulada De profundis, a carta traz uma reflexão a respeito da ética. A homossexualidade já foi crime inafiançável. 
 
Um exemplo mais próximo. Dr. Hosmany Ramos - cirurgião plástico da equipe de Yvo Pitangui - quando preso - transformou-se em escritor de sucesso, publicou oito livros, dentre eles Marginália, lançado na França. 

Adenilson Almeida de Souza fez jus ao nome do estabelecimento que o hospeda: terminou o ensino médio no Centro de Ressocialização e escreveu um livro, além de ter lido outros.

Trata-se de um jovem, com certeza produzirá outros livros quando estiver fora das grades. Para quem se interessar pelo livro ou se corresponder com ele: adenilson.escritor@gmail.com

6 comentários:

Michele Souza disse...

Feliz por ele, que sairá de lá uma pessoa melhor do que quando entrou. Que ele tenha muitas coisas boas pra contar em seus próximos livros!

Unknown disse...

Beau teste!

Unknown disse...

Parabéns e sucesso ao novo escritor.

Unknown disse...

"Uma consciência limpa é a maior cura que o homem pode receber."


"E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará".(João 8:32)

Reinaldo disse...

Boa noite professor.
Sai de Araçatuba e parei em São Paulo onde hoje trabalho na FUNAP.
Obrigado por trazer à luz uma ilustre desconhecida.

Unknown disse...

Adenilson,é meu irmão e sempre foi muito inteligente, apesar de sua privação da liberdade, aprendeu com ela e pós em prática oque sempre gostou ler e escrever, eu sempre dizia a ele vc é um escritor Nato.
Tenho a convecção que nada é por acaso,e com seu erro,aprendeu que na vida errar é humano! Só não pode repetir,eu como irmã, acredito em sua ressocialização, é agradeço aos professores e a todos os envolvidos, para que o conto O PRÓPOSITO DE PIEGAS,escrito a mão pelo Adenilson,se transformou em realidade! Estou muito feliz e orgulhosa de meu irmão Adenilson.