AGENDA CULTURAL

1.2.23

Não dê comprimidinho para o Abel Ferreira

Foto: ESPN
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Araçatuba-SP 

Crônica atualizada em 02/02/2023

Não sei se você reparou, caro leitor, raramente um sujeito centrado e moderado faz sucesso na massa. Artista que toma ansiolítico ou outros remédios não produz obras primas. Artista bom é o depressivo, o cara que falta um parafuso. Nós, os normais, vivemos do encantamento dos bichos-grilos. Até os santos da igreja católica tiveram sua santidade originada em momento de loucura.    

O Lula, antes de ser homem que todos elogiam em sua velhice, já foi um porra-louca. Se não tivesse ficado dois anos preso, não teria chegado à moderação de hoje. Deus escreve certo nas linhas tortas da história. 

Jãnio Quadros, se não tivesse aqueles olhos estatelados de louco, não chegaria à presidência de República. Assim também com Collor e Bolsonaro. Fernando Henrique Cardoso é uma exceção nesse perfil  de liderança.

A bola da vez é o técnico do meu Palmeiras, Abel Ferrira. No seu livro "Cabeça fria, coração quente" é uma candura. Queridíssimo entre os jogadores. Quer mais o quê? Já até foi chamado atenção em beira de campo pelo jogador paraguaio, do Palmeiras,  Gustavo Gomes. Parece que lá no Verdão, o técnico é um irmão mais velho, um sujeito amigo. A presidenta Leila Pereira não quer outro técnico, defende, inclusive as suas peripécias à beira de campo. 

Confesso aqui que se ele não fosse aquele louco à beira de campo, não seria um bom técnico. Faz parte do show do Abel Ferreira, da sua portugalidade.  Ainda não vi um português calmo, apenas José Saramago. 

Caros médicos, que receitam comprimidinhos para alunos com transtornos, não faça o Abel Ferreira tomar algum comprimido.   

A torcida e os jogadores pulsam com ele, é a forma de ele bater o tambor para todos ficarem pilhados. Sabe quem vai pôr Abel na linha, para que ele modere um pouquinho, só um pouquinho, para não estragar o técnico, os jogadores. Eles têm moral para chamá-lo às falas.

Abel Ferreira teve seis expulsões nesses quase três anos treinando o Palmeiras, mas conseguiu sete títulos. Foi entrevistado pelo programa Roda Viva e deu um show à plêiade de jornalistas entrevistadores. 

Abel Ferreira sofre com olhares dos secadores de pimenteira. Há muita inveja e oportunismo. Assisti presencialmente ao jogo em Mirassol (2 a 0 para o Verdão). Fui lá comprovar que o futebol não é apenas um jogo eletrônico, que passa na TV. Fui mesmo a Mirassol, não me interessou se era o time A ou B que ia jogar, queria ver o meu Palmeiras. Viva! 

Eu também não sou muito certo... 


2 comentários:

Ventura Picasso disse...

Vcs se merecem - 2 loucos - a foto será em preto e branco...

Anônimo disse...

Valeu, professor